AUSÊNCIA
Sempre me disseram que AUSÊNCIA é estar de corpo distante. O que isso significa? É distanciar os corpos? É durante a tarde não tomarmos café juntos (se é que gosta de café)? É acordar pela manhã e a pessoa não estar ao seu lado para te dizer (você dizer) Bom dia, ou mesmo no cair da noite, cansado de um dia ensolarado e difícil, não ter o abraço que te aconchega ao chegar em casa? Isso é AUSÊNCIA?
Mas como pode estar ausente se ainda sinto teu cheiro em meu travesseiro, se ainda acordo pela manhã e te vejo em pensamentos andando pela casa, fazendo o café da manhã, enxugando teu corpo molhado após o banho, enquanto eu vislumbro todas tuas curvas, sem vírgulas e, me desculpe, as vezes sem pudor, atiçando meu desejo de forma inconsciente e avassaladora. Dias parecem intermináveis e cada vez que vejo sua foto o desejo de estar contigo me consome, desfibrilando meu pulsar, me fazendo viajar o mundo em um instante, atravessando paraísos com teus sorrisos e adentrando em vulcões quando passeio em teu corpo.
Como pode isso ser AUSÊNCIA com a simples definição de corpo distante, se mesmo não estando perto te sinto a todo instante? Desculpem-me, mas não aprendi o que é ausência, pois nessa definição tu não te encaixa. Pode estar longe o quanto for, a tua presença é inexoravelmente gritante e maior que o próprio EU. Assim, a tua presença é confirmada a cada milésimo de segundo da minha vida e, o que alguns definem como AUSÊNCIA, transmudo em ti minha vontade de te ter presente.